Passo a vocês o relato de um colega e irmão, que deixarei no anonimato por razões óbvias.
"Amigo e irmão Sierra Mike
Esta passagem eu confesso que relutei um pouco em mandar para você. Porém, o intervalo de tempo decorrido já deixa uma boa margem para que seja mantida a confidencialidade. Não citarei nomes...muito menos lugares. Tentarei ilustrar da melhor forma.
Era uma operação com a presença de várias Polícias do Rio de Janeiro. O alvo se encontrava em uma comunidade famosa pelo domínio do tráfico de drogas. Como sempre, final da madrugada, quase início da manhã.
Eu e mais alguns colegas, lotados na XXXXXX e na DRE, fazíamos parte do grupo de assalto, que entraria na casa do alvo. Nossa chegada não era esperada. Pegamos os “soldados” de calças curtas e muitos deles, completamente fora da realidade, sob o efeito das drogas. Por conta disso, apesar do fogo, que não foi muito ( na verdade foi quase nenhum ), a subida não foi traumática. Em poucos minutos estávamos na porta da casa do alvo.
E frações de segundos depois, já nos encontrávamos do lado de dentro do pretenso “barraco”, que de “barraco tinha muito pouco, pois era bem equipado e relativamente bem acabado internamente. Um cômodo vazio. Um binômio para um lado, outro binômio para o segundo. O meu deu de cara com o “alvo”, nu na cama com uma mulher de físico muito bonito, também completamente nua. Na verdade, era uma belíssima mulher.
O “alvo”, diante da cena, sob o efeito do pó, tentou pegar a pistola. Foi a última coisa que fez na vida. Não era esse o nosso objetivo primário. Mas tirá-lo da sociedade era mais importante que qualquer coisa. Os métodos estavam em um segundo plano.
Finalizamos a missão, agrupamos os presos e chegamos na base ainda um pouco antes do sol sair. Relatório por conta do chefe de equipe. Meu time dispensado. Voltamos para casa.
Anos mais tarde, passei na casa dos meus pais um pouco antes de ir para o trabalho. E para a minha surpresa, deparei-me exatamente com a mesma mulher que frequentava a cama do alvo naquela longínqua madrugada. Ela, simplesmente, estava trabalhando ali.
Para a minha surpresa...para a minha preocupação.
Com o tempo, percebi que se tratava de alguém que havia realmente deixado o passado para trás. Apesar de tudo. Ali, deu para aprender que sempre há esperança de uma vida nova, sem a presença do crime, para qualquer um que queira isso de verdade.
Grande abraço, irmão.
Estou aqui para o que der e vier."
Fonte:anjosguardioes.com / Boletim Policial
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