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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Venezuela tem mais assassinatos que Iraque e México

Em banca de Caracas, jornal venezuelano "El Nacional" denuncia censura após governo proibir divulgação de imagens violentas (18/08/2010)

A Venezuela registrou em 2009 a morte violenta de mais de 16 mil civis, um número que supera as registradas em países como Iraque e México, e faz com que Caracas seja a capital com o índice de assassinatos mais alto do continente americano, segundo o jornal The New York Times. A publicação americana teve como base a Organização Observatório Venezuelano da Violência, que calculou que, em 2009, foram assassinadas 16.047 pessoas, enquanto 14.800 foram em 2008.

Em 20 de agosto, um outro estudo indicou que o índice em 2009 seria ainda maior: mais de 19 mil. De acordo com relatório elaborado pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), citado pelo jornal venezuelano El Nacional, a Venezuela registrou 19.133 assassinatos em 2009. Deste total, 15.191 foram praticados com armas de fogo, com a maioria dos assassinados sendo homens entre 25 e 44 anos das classes mais desfavorecidas da população.

O relatório "Pesquisa Nacional de Vitimização e Percepção de Segurança Cidadã 2009" foi elaborado pelo INE a pedido da vice-presidência da República entre agosto e novembro de 2009, sendo apresentado ao governo do presidente Hugo Chávez em maio. Até a publicação pelo El Nacional, o documento não havia sido divulgado oficialmente pelas autoridades.

Na Venezuela, o governo não publica números sobre a violência há muitos anos e é a imprensa que apresenta semanalmente estatísticas sobre crimes com base no número de corpos que ingressam nos necrotérios. A violência é um dos assuntos que mais preocupam os venezuelanos a um mês das eleições parlamentares, que podem marcar o retorno da oposição ao Legislativo.

Recorde de violência

O estado de insegurança em que vive a Venezuela está acima do que impera em países castigados pelo terrorismo ou a violência decorrente do tráfico de drogas. Segundo a matéria do jornal americano, o país contabiliza 118.541 homicídios no governo de Hugo Chávez (desde 1999).

As milhares de mortes violentas registrada na Venezuela em 2009 superam em muito as que aconteceram no Iraque no mesmo ano, quando foram assassinados 4.644 civis. Desde 2007, o país sul-americano registrou 43.792 homicídios, frente aos 28 mil contados no México desde 2006, de acordo com o diário dos EUA.

A capital venezuelana registra atualmente uma média de 200 assassinatos para cada 100 mil habitantes, segundo dados do Observatório Venezuelano de Violência, que classifica Caracas como uma cidade mais perigosa que Bogotá (22,7 para cada 100 mil habitantes) ou São Paulo (14 para cada 100 mil).

Em sua análise das "complexas e variadas" causas da violência na Venezuela, o artigo do New York Times assinala a contração da economia, a acentuação da desigualdade entre pobres e ricos, os baixos salários da polícia, afirmando que o país vive "entre milhões de armas ilegais".

Outro fator é "o próprio governo Chávez" que permitiu, de acordo com especialistas criminalistas citados pelo jornal americano, que o sistema judiciário crescesse "cada vez mais politizado, com menos juízes independentes e mais alinhados com o movimento político de Chávez".

Exemplo disso, segundo o Observatório Venezuelano de Violência, é que 90% dos crimes não se resolvem nunca, enquanto crescem "as causas abertas contra os críticos de Chávez, como juízes, dissidentes e executivos de meios de comunicação".

Crescimento dos sequestros

Na Venezuela foram registrados 16.917 sequestros em 2009, principalmente nas cidades e contra pessoas de classe média, segundo um estudo do INE divulgado no domingno pelo jornal El Nacional.

Do total de sequestros realizados entre julho de 2008 e julho de 2009, 90,4% se localizaram nos Estados do centro do país, afastado das zonas rurais e fronteiriças, cenários naturais desses crimes. O Ministério do Interior e Justiça abriu apenas 1.332 investigações pelos sequestros em 2008 e 2009, o que equivale a 7% da cifra publicada pelo INE, segundo o jornal.

De acordo com o relatório, duas em cada três vítimas de sequestro pertencem à classe média ou média-baixa e, em mais de 80% dos casos, as pessoas foram libertadas no mesmo dia, no chamado "sequestro relâmpago". Além disso, três de cada quatro sequestrados são homens e 44,4% do total têm entre 25 e 44 anos. Esse relatório também não foi divulgado oficialmente pelas autoridades.

Os dados de violência são publicados em meio à polêmica de uma medida preventiva, ditada em 18 de agosto, que proibia a publicação de "fotos, informações e anúncios" sobre violência na imprensa. No dia seguinte, um tribunal de Caracas modificou "parcialmente" a medida.

*Com EFE, AFP e New York Times/ultimosegundo.ig

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