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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Salvador:Polícia investiga se patrocinadores de site também eram extorquidos

Delegada pediu prisão preventiva de acusado

Ao final de 24 meses, o site PuraPolítica, de João Andrade Neto, preso por extorsão há nove dias, arrecadaria R$ 1,7 milhão em verbas publicitárias. O rendimento mensal do site seria de R$ 113 mil, segundo informou a delegada Gabriela Macêdo, do Centro de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil, responsável pelo inquérito sobre as extorsões.

A delegada vai apurar as negociações. “Vamos averiguar se essas empresas e instituições eram obrigadas a oferecer cotas de patrocínio ao site dele. Pode ser que sejam cotas de patrocínio normais ou acordos firmados em função das chantagens”, informou Gabriela Macedo.

A delegada teve acesso a documentos onde estavam listados os sete patrocinadores principais do veículo de comunicação. Na lista, com órgãos governamentais da esfera municipal e estadual e empresas privadas, o maior valor é da Prefeitura de Salvador, que tinha um acordo de patrocínio de R$ 30 mil mensais, válido por 24 meses, totalizando R$ 720 mil.

A Prefeitura de Salvador informou, através da gerência de gestão de imagem, órgão ligado à Casa Civil, que a veiculação da marca da prefeitura no site fazia parte dos critérios de democratização das verbas publicitárias do município. Contudo, não reconheceu os valores citados pela polícia. Quando da prisão de Andrade Neto, no site Pura Política havia um banner com anúncio da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom), que foi retirado dois dias depois da prisão.

CHANTAGENS
De acordo com a delegada, João usou a lista nos seus contatos com empresários. “A lista com o nome dos patrocinadores foi entregue pelo próprio Andrade Neto a João Cavalcanti (bilionário da mineração, que sofreu tentativa de extorsão em R$ 800 mil) como garantia do "pagamento’ do ‘empréstimo’ que ele queria que o empresário fizesse. Como se negou, acabou sendo alvo de chantagem”, disse Gabriela Macedo.

Cavalcanti foi ouvido pela polícia no início desta semana, pelo COE, quando declarou que vinha sendo chantageado por Andrade Neto desde abril deste ano. “Ele fez diversas ameaças a mim e a moral da minha família. Disse que tinha dossiês, documentos insinuando que eu tinha fraudes com órgãos públicos, mas acontece que eu só faço negócio com particulares. Nunca lidei com órgãos públicos. O João é um gângster”, disse o empresário, que tem fortuna avaliada em R$ 2 bilhões.

BARGANHA
Andrade Neto, que foi investigado por dois meses pelo COE, tinha a tática de publicar matérias de conteúdo duvidoso sobre empresários e instituições, para depois barganhar pagamento de extorsão para não continuar publicando. “Ele batia na pessoa, depois tentava fazer um acordo. Quem não aceitava, ele continuava batendo até ceder às suas chantagens”, informou a delegada, que ouviu empresários de diversos setores que se apresentaram como vítimas do editor do Pura Política.

João Andrade Neto foi preso por operação do COE após receber denúncia de um empresário do ramo da educação que serviu de isca para flagrar o falso jornalista. Em 11 de agosto, policiais acompanharam um funcionário de Andrade Neto que recebeu R$ 5 mil desse empresário no aeroporto.

O funcionário, Cléber Lins, foi seguido pela polícia do aeroporto até a sede da empresa de Andrade Neto, na avenida Magalhães Neto. Agentes do Centro de Operações Especiais flagraram o editor do site com parte do dinheiro que tinha sido dado pelo empresário horas antes.

Documentos recolhidos na sede da empresa estão sendo analisados pelo setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública para apurar a existência de mais vítimas do empresário.

Delegada pede ao MP prisão preventiva
Foi encaminhado ontem para o Ministério Público Estadual, pela delegada Gabriela Macêdo, o inquérito sobre a denúncia de extorsão contra o editor do site Pura Política, João Andrade Neto. Solicitando a prisão preventiva do acusado, preso há nove dias na Polinter, a denúncia toma como base as declarações de empresários que foram extorquidos além de documentos e chamadas telefônicas. Se condenado, ele pode pegar de quatro a dez anos por cada vítima. O advogado de defesa, Cláudio Mota, informou que solicitou revogação da prisão. “Quando ele foi preso, o argumento é que ele não poderia estar livre para não atrapalhar as investigações. O inquérito já foi concluído”. O prazo de prisão temporária de João termina hoje.

Deputada: convite de Cavalcanti
A deputada estadual Maria Luiza Carneiro (PSC) divulgou nota pública, ontem, confirmando que participou de um jantar com João Andrade Neto e o empresário João Carlos Cavalcanti, em São Paulo, como foi revelado pelo próprio Cavalcanti em entrevista. A deputada, contudo, ressaltou que no encontro não foram tratados assuntos políticos nem sobre denúncias de extorsão, que só vieram a público três meses após o encontro realizado na residência do empresário, na Quinta Baronesa, em São Paulo. “Por volta das 18h, do dia citado (9 ou 10 de maio), o próprio empresário João Cavalcanti e sua esposa, Renilce, foram pessoalmente ao hotel, em que a deputada estava hospedada, onde formularam, com insistência, o convite e a conduziram, em seu veículo, até sua residência”, informou a assessoria de Maria Luiza, em nota pública.

Até aquela data, ainda segundo a nota, a deputada sabia apenas que João Andrade era o dono de um site. “A deputada não tinha conhecimento dos fatos que hoje estão sendo noticiados a seu respeito”, disse a deputada Maria Luiza, que informou que se tratou de um jantar cordial, que contou também com a presença da esposa de João Andrade, Kênia Andrade. “Durante o encontro, não se tratou de quaisquer denúncias”, acrescentou Maria Luiza, afirmando que estava em São Paulo, na época no jantar, para tratar de outros assuntos.

Fonte:correio24horas

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