Uma operação da Polícia Civil, batizada como Liberdade, frustrou um assalto a um posto de combustíveis, que deveria ocorrer na manhã desta quarta-feira (4), no bairro de Castelo Branco. O gerente do posto seria seqüestrado nas primeiras horas da manhã, em sua residência, na Liberdade.
O mentor da ação criminosa, o policial civil Valdécio Souza de Oliveira, envolvido em assaltos, extorsão e homicídios, que morava na localidade de Gengibirra, no mesmo bairro, reagiu à abordagem dos investigadores, sendo alvejado numa troca de tiros, vindo a falecer no Hospital Geral do Estado (HGE). Ele estava afastado do serviço.
Em outro ponto da cidade, na Barra, o comparsa de Valdécio, o policial militar afastado Paulo Roberto Marinho - preso em flagrante com ele em maio de 2009, com veículos roubados e tiquetes-refeição furtados de uma empresa - também entrou em confronto com os investigadores, morrendo após ser socorrido e levado para o HGE. O assaltante Alexandro Ribeiro Moura, que se encontrava em companhia de Paulo Roberto, foi baleado no tiroteio e veio a óbito no hospital.
Os marginais mortos estavam sendo vigiados desde a noite anterior, por policiais que faziam campana nas imediações das casas onde eles moravam. Equipes da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), com o apoio do Departamento de Narcóticos (Denarc) e da Coordenadoria de Operações Especiais (COE), participaram da operação na Gengibirra, região da Liberdade, e na Barra. Ainda como resultado da operação foram aprendidas três armas, dois automóveis - um Golf roubado no dia 19 de julho, em Itinga, e um Corsa com o número do chassi adulterado - e certa quantidade de maconha.
Questionário
Junto com o material apreendido, os policiais encontraram também o plano do roubo, com detalhes sobre o comportamento a ser adotado por cada assaltante durante a abordagem ao gerente e ao posto de combustível em Castelo Branco. Rudimentar e todo manuscrito, o plano tinha até um questionário com perguntas referentes à rotina do gerente (horário de entrada, saída, período de almoço, além do veículo usado por ele). Tendo Alexsandro como observador, a estratégia objetivava facilitar o seqüestro do administrador do posto.
“A Polícia Civil teve a iniciativa de investigar estes crimes mesmo que o fato viesse a depor contra a imagem da instituição. Nós temos o dever de manter a ordem, combater o crime, existam ou não policiais envolvidos”, afirmou o delegado geral Joselito Bispo da Silva, durante entrevista coletiva de imprensa, realizada na tarde de hoje (4), no auditório da instituição, na Praça da Piedade.
Segundo o delegado Daniel Pinheiro de Menezes, titular da DTE, responsável pela operação, os bandidos também extorquiam marginais envolvidos com o tráfico de drogas de quem recolhiam drogas para revender a traficantes de outras áreas e exigiam dinheiro para deixa-los em liberdade. Um traficante conhecido como “Gago”, preso na DTE depois de ser flagrado com 10 quilos de droga, e que atuava no Candeal, chegou a entregar R$ 7 mil à quadrilha. Eles também “plantavam” drogas para extorquir as vítimas.
O titular da DTE, cuja equipe investigava o grupo há cinco meses, não descarta a possibilidade de existirem outros comparsas. “Pode haver mais participantes e estamos investigando o envolvimento de outras pessoas na quadrilha”,disse.
Corregedoria
Em maio do ano passado, Valdécio Souza de Oliveira, foi preso no bairro Caminho de Areia, por agentes da COE, que o flagraram com um carro roubado, uma pistola 9mm sem registro, e 39 talões de tiquetes-refeição furtados da empresa Norsa Refrigerantes Ltda. As investigações foram coordenadas pela Superintendência de Inteligência da SSP.
Na ocasião da captura, Valdécio encontrava-se afastado do serviço policial há dois anos, por força de licenças médicas. Na oportunidade, foram apreendidas com ele placas e chaves de automóveis, algemas descartáveis, quatro capuzes do tipo brucutu, duas perucas, celulares e dois bastões de madeira.
Após aquela captura e enquanto estava recolhido na Corregedoria da Polícia Civil, onde era interrogado sobre seus crimes, Valdécio recebeu a visita do soldado Paulo Roberto Marinho, também afastado das suas funções, que acabou sendo preso. O PM chegou à Correpol com um Corsa Milenium roubado, ostentando uma placa de motocicleta, além de portar ilegalmente uma pistola calibre 380. Outros talões de tiquetes da empresa Norsa foram encontrados no interior do veículo.
Valdécio, que respondia a vários processos administrativos -disciplinares, foi autuado na época por porte ilegal de arma, receptação e roubo qualificado pela delegada Celinei Pinto Ramos Lotte, assistente da Correpol. O soldado Paulo Roberto, logo após a prisão, fora encaminhado para a Corregedoria da PM.
Fonte:SSP BA
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