Segundo o superintendente regional da PF no Ceará, Aldair da Rocha, 12 empresas, das quais a maior é a Delta, participavam de um grupo que praticava fraudes em licitações, superfaturamento e desvio de verbas públicas, além de pagamento de obras de infraestrutura rodoviárias que não haviam sido executadas e de realizar serviços com material de qualidade inferior ao contratado.
Na relação, estão duas obras do PAC: a duplicação de uma ponte na BR-304, que liga Natal, no Rio Grande do Norte, a Russas, no interior cearense, sobre o Rio Jaguaribe, no município de Aracati, a 148 quilômetros de Fortaleza, orçada em R$30 milhões; e o recapeamento entre os quilômetros zero e 12 da BR-116, em Fortaleza.
De acordo com Israel Reis Carvalho, coordenador de operações especiais da Controladoria Geral da União (CGU), que colaborou com a operação, batizada de Mão Dupla, a Delta ganhava a maioria das licitações, mas repassava as obras para outras empreiteiras, prática ilegal e feita sem contrato. O superintendente da PF alertou para o "risco social" de obras com material de má qualidade:
- Há notícias de pontes construídas com material de baixa qualidade e alto custo.
A PF afirma ter "provas robustas" de que o grupo tinha a conivência de servidores do Dnit. Eles são acusados de auxiliar as empresas no superfaturamento, na mudança de qualidade e quantidade de materiais, de atestar obras não executadas e de avisar as empresas sobre fiscalizações.
Participaram da operação 32 servidores da CGU e 200 policiais federais, que cumpriram 52 mandados de busca e apreensão em Fortaleza e em unidades do Dnit nos municípios de Boa Viagem, Icó e Russas. A PF cumpriu 22 dos 27 mandados de prisão expedidos. Por decisão judicial, oito servidores do Dnit serão afastados e bens imóveis de alguns investigados serão sequestrados. O diretor da Delta preso em Belém e mais três capturados em outros estados serão levados a Fortaleza.
Em oito contratos, sete tinham irregularidades
As investigações começaram em abril do ano passado. O Dnit tem 36 contratos no estado, que totalizam R$340 milhões. A CGU analisou oito e detectou irregularidades em sete, para quatro obras: a construção da Ponte da Sabiaguaba, em Fortaleza, inaugurada em junho, e a revitalização de um trecho da BR-020, e as duas obras dos PAC.
A Controladoria estimou em R$ 5 milhões o prejuízo pelas irregularidades detectadas nesta amostragem. Os envolvidos poderão responder por corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa, prevaricação, peculato, falsidade ideológica, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A direção do Dnit informou um grupo de procuradores do órgão foi para o estado para se informar sobre o inquérito.
Fonte:O Globo
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